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Até mesmo tradutores acadêmicos às vezes copiam uma tradução anterior se serve ao propósito de sua tradução. Por exemplo, a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto (MMM), proporcionou textos até então desconhecidos para muitos escritos bíblicos. No entanto, em algumas traduções dos MMM, aproximadamente 90% é simplesmente copiado da KJV.
Certamente não se espera acreditar que os tradutores dos MMM deixaram de lado expressões idiomáticas do Rei James e apareceram com um texto quase idêntico! Eles, de fato, descaradamente copiaram a KJV, exceto quando os textos do MMM eram substancialmente diferentes dos manuscritos hebraicos já conhecidos.[1]
Por que fizeram isso? Porque, o objetivo da tradução dos MMM é destacar as diferenças entre os manuscritos descobertos recentemente e aqueles a que os estudiosos já tinham acesso. Assim, em áreas onde os manuscritos MMM concordam com os textos bíblicos que já eram conhecidos, a tradução KJV é usada para indicar isso. Aqui, por exemplo, é como os primeiros versículos de Gênesis são tratados:
Podemos ver que, em geral, segue-se a mesma linguagem do Rei James. Em alguns lugares, há interpretações que variam, e colocam notas de rodapé dos textos antigos que causaram essas interpretações diferentes. Você também pode ver as várias pontuações que há um sistema que no ajuda a entender que parte de qual texto vem de qual fonte. Por que uma tradução feita em 1999 (170 anos depois que o Livro de Mórmon foi publicado) normalmente segue a versão do Rei James? Não é porque a versão do Rei James é a melhor, ou a mais fácil de entender. Em 1830, era a única tradução produzida em massa (a próxima grande tradução não seria publicada até pelo menos pelo próximo meio século). E permanece até hoje uma das traduções mais comuns da Bíblia. Você não precisa ser um especialista para comparar os dois textos e ver quais são as diferenças. Desta forma, nos podemos (como não-especialistas) ter uma idéia melhor das várias versões antigas dos textos bíblicos.
O mesmo é verdade com o Livro de Mórmon, exceto, talvez, que no sentido contrário. Usando a linguagem KJV, temos a dica de que as possíveis diferenças não são as partes importantes do Livro de Mórmon. Ao invés de focar em como esta ou aquela palavra foi mudada, podemos nos concentrar no que as passagens estão tentando nos ensinar.
Isso não é uma tentativa de argumentar que não pode haver uma maneira melhor para apresentar o texto do que a VRJ- mas, seria contraproducente para o comitê MMM passar tanto tempo melhorando a tradução KJV. Um leitor sem acesso aos manuscritos originais poderia, então, nunca ter a certeza se a diferença entre a tradução dos MMM e a tradução KJV representavam uma verdadeira diferença nos MMM, ou simplesmente a escolha dos tradutores dos MMM de melhorar a VRJ.
A situação com o Livro de Mórmon é provavelmente análoga. Por exemplo, a maior parte do texto que os nefitas tinham acesso não diferiam significativamente dos textos hebraicos usados em traduções da Bíblia. As diferenças de terminologia entre a KJV e do Livro de Mórmon destacam as áreas em que houve diferenças teologicamente significativas entre as versões nefitas e texto Massorético, a partir do qual a Bíblia foi traduzida. Outras áreas pode se assumir como sendo essencialmente a mesma. Se alguém quiser uma tradução melhorada ou mais clara de uma passagem que é idêntica no Livro de Mórmon e a KJV, só precisa ir aos manuscritos originais disponíveis para todos os estudiosos. Baseado nisso, o texto na KJV concentra o leitor em esclarecimentos importantes, ao invés de fazer uma nova tradução a partir do zero, e distrair o leitor com muitas diferenças que poderiam ser simplesmente devido a preferência tradutor.
Além disso, usar "texto base" da KJV também nos ajuda a identificar a fonte de algumas citações bíblicas que de outra forma poderia ser obscura. Considere este pedacinho de Jacó 1:07:
Isso parece bom, mas o seu impacto real na nossa leitura de Jacó ocorre quando reconhecemos que Jacó está aludindo ao Salmo 95:8-11:
Jacó quer nos fazer entender o que se segue no contexto de Israel sendo conduzido no deserto por Moisés. Traçar essa conexão é bastante difícil para as pessoas que não têm muita familiaridade com o Antigo Testamento. Mas, se tivesse usado uma linguagem não encontrada na Bíblia que eles possuíam (KJV) - mesmo que conceitualmente ele fosse a mesma - teria sido muito mais difícil para os leitores conectar as duas para entender o ponto de Jacó estava tentando chegar. Desta forma, faz muito sentido uma tradução da maneira o qual foi realizada; mesmo uma tradução divinamente inspirada que está sendo lida através de revelação (de uma pedra do vidente) - seguindo um texto convencional, em que ele duplica o mesmo material da fonte original. Não é apenas a tentativa de duplicar o material de origem, é também fazer com que o leitor que lê o texto o compreenda.
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