Mormonism and science/Adão e Eva realmente existiram?

Revisão em 17h26min de 16 de julho de 2014 por LuizSilva (Discussão | contribs)

Índice

Como os Santos dos Últimos Dias conciliam a existência de Adão e Eva com a evidência Científica?

Perguntas e respostas detalhadas


Podem os Santos dos Últimos Dias possuir uma visão não-literal da história da criação, ou uma forma de visão um pouco mais mítica dos cinco primeiros livros de Moisés considerando o ensinamento da Igreja de um Adão histórico?

Conclusão


Esta é uma pergunta que tem sido desafiadora para a Igreja desde o início. Ela também não é um problema exclusivo do mormonismo (portanto, podem-se encontrar ideias interessantes em outros lugares). As dificuldades que encontramos decorrem de várias questões distintas. Então, vamos delinear as três questões principais, uma vez que todas as tentativas para responder a estas indagações diferem em sua metodologia.

A filosofia da história

Esta é uma questão muito importante. Significa que ao abranger o "Adão histórico" temos que estar cientes de que há muitas maneiras diferentes de entender um texto como História e que a nossa noção de História é muito diferente hoje do que o era quando o Velho Testamento foi escrito. Ainda mais a este respeito, o que tentamos alcançar com a História, e o que de fato, refere-se a nosso senso de "dizer a verdade", difere muito do que o autor de Gênesis tentara transmitir e lhe significava "dizer a verdade".

Isso não é ruim, exceto quando tentamos afirmar que devemos entender a História do Velho Testamento exatamente da mesma maneira que nós compreendemos a História agora. Ou que a noção de verdade, como nós a entendemos atualmente, corresponde exatamente ao significado de verdade como eles a entendiam. Quando nossa compreensão a respeito da intenção dos autores do Velho Testamento se confundem, inevitavelmente nós também cometemos erros sobre o que deve ser visto como literal ou não literal em um texto.

A questão do primeiro homem

Todos nós reconhecemos que deve haver um ponto de partida. Chamamos o primeiro homem e a primeira mulher de Adão e Eva, mas há necessariamente algo inteiramente diferente no princípio deles em relação ao nosso (pela definição de "primeiro"). De certa forma, isso cria um entendimento flexível. Queremos entender de que maneira eles se assemelham a nós, e ao mesmo tempo tentamos compreender o quão diferentes eram. Isso remonta à questão de que o que o texto está tentando nos dizer. Temos um grande número de interpretações da história do Gênesis de Adão e Eva que tratam diferentes partes da história como partes metafóricas e outras como literais – e em muitos casos, duas interpretações podem conceber entendimentos completamente opostos de qualquer detalhe específico e ainda assim trazer duas conclusões bem diferentes.

Ao tratar a questão de maneira individual, muitas vezes precisamos tomar decisões sobre a forma como entendemos certos elementos (mais sobre este assunto abaixo), mas você pode ver que, inevitavelmente, pouquíssimas pessoas compreendem o relato de Adão no Gênesis de forma completamente literal, assim como poucas têm uma compreensão inteiramente metafórica do mesmo.

A maioria de nós sente-se confortavelmente no meio. Parte da visão SUD de Adão o encara como sendo uma figura histórica. Mas parte da visão SUD vê Adão como nós mesmos – e frequentemente, devido a esta comparação, a intenção do texto, é apresentada como metáfora.

Há sempre uma série de preocupações doutrinárias

Estas inevitavelmente ocorrem por causa das duas questões anteriores. Como um texto, Gênesis tem de ser lido e interpretado de alguma forma – e há muitas maneiras de se fazê-lo. Algumas dessas interpretações entram em conflito com o conhecimento obtido a partir de outras fontes – como o conhecimento científico. Um dos grandes debates do passado (e em certa medida até mesmo o presente) é o de como nós colocamos autoridade nessas fontes de informação (um processo que chamamos de epistemologia). Num ponto de vista, tentamos compreender o período de tempo do Gênesis literalmente, e a idade da terra, em seguida, como sendo finito (uns meros poucos milhares de anos), o que nos leva a uma posição conhecida como Criacionismo da Terra Jovem. Esta é uma visão popular entre muitos cristãos (e dentro da Igreja). Por outro lado, existem aqueles que reconhecem que a Terra parece ser muito antiga, com um registro fóssil longo da vida. Se esta informação é sopesada como verídica, então a idade da Terra é muito grande, e da mesma forma, o relato de Gênesis deve ser interpretada como sendo menos literal, no sentido de que ele não tem intenção de fornecer o preciso sentido da idade da Terra. Estas questões doutrinárias, muitas vezes, geram debates extensos, que comprometem o texto do Gênesis para os seus próprios fins - questões como a evolução, a idade da Terra, a queda do homem, a questão da morte antes da queda, e assim por diante.

A posição da Igreja

Portanto, temos estas três questões básicas.

A posição da Igreja pode mudar de tempos em tempos, e de indivíduos para indivíduos. No entanto, a Igreja de maneira consistente insiste que houve um Adão histórico. O que isto significa? Alguns membros compreendem isto de maneira a afirmar que a narrativa de Gênesis deve ser entendida como uma história literal. Para outros, significa que há pouco mais do que a conclusão de que de todas as criações de Deus, no decorrer de um período imenso,(alguns membros na época de Joseph espculavam que poderia se tratar de bilhões de anos) há um certo ponto onde haverá um primeiro homem (como um filho de Deus).

Quer o homem tenha sido criado diretamente por Deus (um ponto de vista passível de especulação), ou quer tenha havido algum outro mecanismo divino ou natural (existem vários pontos de vista diferentes na especulação Mórmon sobre isso), todos eles chegaram à conclusão de que existe essa pessoa Adão, que representa o primeiro dos filhos de Deus na Terra, e que ele e sua esposa Eva existiram em algum momento no tempo e deram à luz a toda a humanidade. O resto pode ser entendido literalmente, metaforicamente, miticamente ou mais comumente como uma mistura destas posições extremas. A maioria dos membros mescla essas posições. Considere, por exemplo, este comentário na Ensign em 1994:

“Este conceito é ainda mais solidificado pela descrição da criação da mulher como sendo formada a partir da costela de Adão – a costela é uma metáfora para uma pessoa que corresponde a Adão. Os profetas modernos ensinaram que a criação da mulher a partir da costela do homem é para ser entendida em sentido figurado. (Ver Spencer W. Kimball, Ensign, março 1976, p. 71). [1]

A maioria dos líderes da Igreja compreendem que a utilização de uma das costelas de Adão é uma metáfora e não uma história literal – mesmo aqueles que defendem que outras partes da narrativa de Adão e Eva devam ser entendidas como literais. Para os que escolhem diferentes abordagens, a questão é simplesmente de se atribuir à narrativa mais metáforas e misticismo e menos literalidade, ou o contrário. Para nós, como indivíduos, ao encontrar a abordagem que ressoa em harmonia com nosso entendimento e testemunho espiritual, pensamos que enquanto tentarmos responder à questão sobre o que as escrituras estão tentando nos ensinar, faremos isto de maneira rasoavelmente eficaz. Apenas encontramos e criamos problemas quando pretendemos concluir algo que o texto jamais teve intenção de concluir.

Notas


Nota 1 ↑ "I Have a Question: What does it mean when the Lord said he would create for Adam “an help meet for him”? (Gen. 2:18.)" Ensign (January 1994) off-site